Zezé Perrella fala sobre a permanência de Cuca

O presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, concedeu entrevista à imprensa nesta segunda-feira à tarde, durante a reapresentação do elenco na Toca da Raposa II, e explicou os motivos da permanência de Cuca no comando do time.

Segundo ele, o clube tem por princípio dar tempo ao treinador para executar o seu trabalho. No caso de Cuca, os números positivos obtidos em um ano só reforçaram esse desejo de toda a diretoria. Com ele, o Cruzeiro venceu 37 partidas, empatou dez e perdeu 12, com 117 gols a favor e 51 contra.

”Em 1998, com o Levir (Culpi), nós ficamos sete ou oito jogos sem ganhar, persistimos com ele e nós fomos, naquela oportunidade, vice-campeões brasileiros. O Adílson também, que ficou aqui quase três anos, questionado às vezes, e nós seguramos. A gente não tem por hábito trocar treinador só por trocar, só para dar satisfação. Acho que o Cuca merece esse voto de confiança da diretoria, e ele tem esse voto. E ele está tendo esse voto dos jogadores”, disse.

O mau começo de Campeonato Brasileiro foi atribuído à falta de confiança de alguns jogadores e à falta de sorte. Em quatro partidas, o presidente sentiu que o time poderia ter vencido, mas esbarrou em detalhes, como finalizações erradas, bolas na trave, grandes atuações dos goleiros adversários, e falta de atenção nos instantes finais.

”Se você pegar o scout dessas partidas que não conseguimos vencer e conseguimos só dois pontos, deu em média de 60%, 65% de posse de bola do Cruzeiro. A bola não está entrando. Jogamos no mínimo de igual para igual com Figueirense, melhor que Fluminense e tomamos um gol aos 47 do primeiro tempo. Foi um jogo atípico. No sábado, a mesma coisa. O jogo tinha terminado praticamente e, em um descuido, deixamos escapar dois pontos. Se o time estivesse jogando mal, eu estaria preocupado. Mas não está. Todo mundo que está vendo os jogos, viu que o Cruzeiro mereceu ganhar. Se tivesse hoje 12 pontos, seria normal. Mas estamos com dois. Isso vai acontecer com outros clubes também. Você acredita que o São Paulo vai ganhar todos os jogos com aquele time jovem? Não vai”, opinou.

Falta de motivação


Perrella lembrou que Cuca não permaneceria de forma alguma no Cruzeiro se estivesse desmotivado ou se tivesse perdido o comando entre os jogadores. Não seria o caso atual. ”Se eu sentir, em um momento ou outro, que o Cuca não estava conseguindo dar a motivação que precisa, ou que não tinha o comando necessário, a gente já tinha trocado. Até porque ele deixou a gente um pouco à vontade. Ele é uma pessoa muito boa de lidar. Eu tenho absoluta convicção que esse time vai nos dar alegria. Vou trocar o treinador porque estamos dando azar? Uma hora a bola vai entrar e a sorte vai mudar. O momento, então, não é de trocar, é de prestigiar. Eu sinto que os jogadores querem a permanência do treinador. Ele deixou a gente absolutamente à vontade, mas acho que o momento não é esse, é de juntar as forças e ganhar um jogo para que essa maré passe. O resultado não veio nesses quatro jogos, mas o Cruzeiro não jogou mal e o trabalho vai continuar”.

Clássico seria o limite?

Questionado se o clássico com o América, no próximo sábado, e o jogo seguinte, com o Coritiba, também na Arena, poderiam ser a prova de fogo para o treinador, Zezé Perrella respondeu negativamente. O importante será ver um time empenhado em campo nas próximas rodadas.

Mas Zezé Perrella foi incoerente ao lembrar, também, que técnicos vivem de resultados. Por isso, o discurso do dirigente deixou dúvidas sobre as condições da permanência.

”Futebol, hoje, é de um jeito, amanhã é de outro. Qualquer treinador vive de resultados, tanto que o Cuca nos deixou à vontade para mudar. Todo treinador depende de resultados e o Cuca não é diferente. Se a coisa degringolar, se ele sentir que não está sendo o comando necessário, ele próprio vai chegar pra gente e conversar. Se você me perguntar, ‘o Cuca está por dois jogos? Não. Não está. Eu não quero ver, na verdade, os resultados desses dois jogos. Quero ver o desempenho do time, a luta, a vontade de vencer. Ele não está dependendo disso. Já segurei treinadores em situações muito piores do que essas. E vou segurar o Cuca. A cada jogo que você não vence, a situação vai ficando chata para a gente, para ele, para os jogadores. Mas o Cuca não depende desses dois jogos. Ele pode perder os dois jogos. Vou olhar a postura do time”, finalizou.